segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Furor

Em cima da mesa,
uns copos cheios de amores vazios
e um pouco de espuma e restos.
Dentro de mim,
a desesperança genuína -
que não esconde-se mais
refletida nas lágrimas bêbadas que dançam pelo semblante
rubro e triste, um pouco envelhecido pelas olheiras azuis.
Perto da mão,
jaz todo o destino coberto pelo nimbo que vaga pelo céu
que hoje não passa de uma massa um tanto insípida,
porque aqui não existe mais cor.
Embaixo do coração,
pulsa a violenta vontade de acordar
e ver que tudo não passou de um monte de frascos repletos de ilusão
e que a vida continua por mais que a tv esteja chiando.
Ao redor dos olhos,
sombras atacam sem piedade
a garota que mora ao lado
e que eu nunca vi.
Grudadas no céu,
acendem-se estrelas frias
que ao longe rimam com vagalumes
e gritam em uníssono, ao mundo,
que as coisas não passam de mentiras piedosas.
Entre minha cabeça e meus medos
estão todos os dissabores desta passagem amarga
repleta de reminiscências e condolências,
sobre tudo e ao nada...
E nas entrelinhas das minhas tortas frases
está escondido todo o sentimento meu
que nunca morrerá,
por mais que o veneno seja forte e a solidão, enlouquecedora.

17-05-08

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Insânia

"A poesia é a insânia. Talvez o gênio seja uma alucinação
e o entusiasmo precise da embriaguez para escrever."
Sêneca

A noite está no seu lugar
Areia movediça. Mausoléu;
certa como rajadas de vento
e distante como explosões
de bolhas submersas.

Sonhos imploram vagas
Vazios. Sedentos;
sopram calor nas vidraças - frias e agora embaçadas
E dançam vertiginosamentea dança dos Reis embriagados.

Luzes condensadas incidem
no centro - entre
Dois balões de oxigênio lubrificado
Fosforescente
Apagam vestígios na argila fresca
enquanto vultos passeiam.

A chuva ausente traz o cheiro
de coisa molhada.
Criatura com medo; E lava até as almas ocres
de lodo. De paixão.

Sons invadem
Atravessam janelas fechadas
Geladas. Cegas
Como as madrugadas silenciosas
que parecem durar pra sempre.
Cacos de vidro rasgam
a pele desidratada e frágil
- Fácil! Pena de fênix.
E escrevem em caleidoscópios de diamantes
a frase que os gnomos gritam ao céu.


22-07-08