domingo, 21 de dezembro de 2008

Sopros

Àqueles que fazem de si
homens pobres por acaso
Digo que vim, vi e venci
E que sigo por simples descaso
Diante de todos os medos escondidos
Entre sonhos, céus e esquecidos.

Há aqueles outros, porém,
que gritam verdades absolutas
E trazem consigo também
Vitórias de tardias lutas.
Nesses deve-se sim acreditar
Porque deles provêm sopros que fazem continuar

E perante todos os sete céus
E em cima de todos os onze infernos passados
Devemos rasgar os véus
E seguir num compasso ritmado
Um blues que de leve avança
Junto com toda alma que dança...

24-10-08

sábado, 6 de dezembro de 2008

Nota de um chacal

Sobre as horas, não há o que dizer.
Porque se vive e nelas passam sem perceber
os sussurros sem nome,
as carícias e a fome.
e nelas também se esquece
Qualquer corpo que sozinho já não mais se aquece.

Perante os moinhos coloridos
Adejam homens sem libido
E jogam-se nos abismos fundos
À procura, quem sabe, de outros mundos
Talvez melhores, talvez mais quente
Mundos solitários e de perspectivas abrangentes.

Então quando as horas se vão
Largam-se culpas de mão em mão
e o que outrora fora vivo
agora é simples pedaço esquecido
E como carne podre, endurece
Num lugar onde quqlquer coisa se esquece
E o chacal no deserto infame
Alimenta-se do corpo exangue
Sem uivar, sem escolta
Porque a hora que vai, também volta.


12-11-08

sábado, 15 de novembro de 2008

Destino

Sobrepõem-se sangue e sonhos diante de toda uma eternidade.
E existem olhos chorados e olhos do porvir.
Amanhece, é fato, mas poucos sabem. E quanto menos admiradores, melhor.
Porque o brilho esgota quando muitos o cobiçam.
Ninguém nasce sem chorar, mas tem gente que morre sem nascer.
Banham-se, então, no silêncio da escuridão para sentir uma aurora de cores que só os cegos para a realidade vêem.
Os loucos acordam sem dormir, e você? Habitante de um labirinto que te leva a um lugar nenhum.
O verbo anima-se e sofre e sangra e segue. Enlouquece pelo medo de nada ser.
Ou você mata ou deixa-se morrer.
Devore tudo, sem mastigar!
Busque o equilíbrio, mas não corra.
Ninguém escapa ao pó.

16-10-07

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Sugar lips

eixo central desfigurado.
Olhos cansados.
Uma sombra interna que brilha
e reflete sonhos e medos.

Inquietação silenciosa
E um sorriso - quase tão doce quanto açúcar -
que até tenta disfarçar
a insegurança genuína.

Um pouco de loucura
porque sem ela não há poeta.
E lirismo, e niilismo
E, quem sabe, até amor.

Só sei que escondido nele
Está o segredo que me derrama algum bálsamo interior
E quando a noite desvairada rompe
Isso era tudo que eu queria ter
ainda....

29-08-08

sábado, 4 de outubro de 2008

Sons coloridos

Ondas sonoras alucinógenas.
Um risco;
Perigo colorido nas sílabas soltas
sob o infinito sobreposto.
Junção de orgias auditivas.
Balbúrdia em preto e branco e
uma bomba que explode arco-íris lentos e leves e cintilantes.
Sobressaem-se em azul e roxo as sombras da aurora
e o Sol multi-colorido do sertão invade os poros.
Luzes corpulentas de neon ruborizado
com um pouco de ruído,
com um pouco de loucura!
Palavras que inspiram tintas
e retiram o fôlego sôfrego e cinza
num grito
O céu se pinta de vermelho
E num sonho ele passa a não mais existir...

24-09-08

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Exageros

Ultra romantismo nada poético.
Restos de sorte num pedaço de céu.
Semblantes desnorteados,
salpicados com olhos de cético.

Passos rápidos e equivocados
- uns tortos, pouco mortos -
Pisam nas poças de água amanhecida
que refletem nuvens e rostos amarelados.

Barulho e combustível.
Chamas escondidas pelo suor.
Bocas brandas, entreabertas.
Sonho riscado e inaudível.

Há segredos e lágrimas, por fim.
Gnomos Roxos. Esperança Verde.
Há um pouco de muito nas ruas entregues.
Há muito de pouco em mim.


sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Metamorfose Lunar

Meu Apolo entra em conflito com meu Dionísio com frequência*;
e depois se amam loucamente.
A loucura requer paciência
em seu contraste permanente.

O prazer nocivo oscila
entre poder e razão.
Quando nossa alma vacila
encontramos alguns sins; e um não.

Recobertos por espasmos alarmantes,
sonhamos sonhos pouco reais.
E não me importa o quanto cantes
Meus prazeres, hoje, valem mais.

E sobre a segunda lua
Reclamo meus sentimentos febris.
E aquela que, outrora, fora tua
Agora tem olhos de Anis.

*Apolo é o nosso Deus interior e Dionísio é o Deus exterior.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Furor

Em cima da mesa,
uns copos cheios de amores vazios
e um pouco de espuma e restos.
Dentro de mim,
a desesperança genuína -
que não esconde-se mais
refletida nas lágrimas bêbadas que dançam pelo semblante
rubro e triste, um pouco envelhecido pelas olheiras azuis.
Perto da mão,
jaz todo o destino coberto pelo nimbo que vaga pelo céu
que hoje não passa de uma massa um tanto insípida,
porque aqui não existe mais cor.
Embaixo do coração,
pulsa a violenta vontade de acordar
e ver que tudo não passou de um monte de frascos repletos de ilusão
e que a vida continua por mais que a tv esteja chiando.
Ao redor dos olhos,
sombras atacam sem piedade
a garota que mora ao lado
e que eu nunca vi.
Grudadas no céu,
acendem-se estrelas frias
que ao longe rimam com vagalumes
e gritam em uníssono, ao mundo,
que as coisas não passam de mentiras piedosas.
Entre minha cabeça e meus medos
estão todos os dissabores desta passagem amarga
repleta de reminiscências e condolências,
sobre tudo e ao nada...
E nas entrelinhas das minhas tortas frases
está escondido todo o sentimento meu
que nunca morrerá,
por mais que o veneno seja forte e a solidão, enlouquecedora.

17-05-08

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Insânia

"A poesia é a insânia. Talvez o gênio seja uma alucinação
e o entusiasmo precise da embriaguez para escrever."
Sêneca

A noite está no seu lugar
Areia movediça. Mausoléu;
certa como rajadas de vento
e distante como explosões
de bolhas submersas.

Sonhos imploram vagas
Vazios. Sedentos;
sopram calor nas vidraças - frias e agora embaçadas
E dançam vertiginosamentea dança dos Reis embriagados.

Luzes condensadas incidem
no centro - entre
Dois balões de oxigênio lubrificado
Fosforescente
Apagam vestígios na argila fresca
enquanto vultos passeiam.

A chuva ausente traz o cheiro
de coisa molhada.
Criatura com medo; E lava até as almas ocres
de lodo. De paixão.

Sons invadem
Atravessam janelas fechadas
Geladas. Cegas
Como as madrugadas silenciosas
que parecem durar pra sempre.
Cacos de vidro rasgam
a pele desidratada e frágil
- Fácil! Pena de fênix.
E escrevem em caleidoscópios de diamantes
a frase que os gnomos gritam ao céu.


22-07-08

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Otimismo

No fim do entardecer premeditado
Existe ainda um misto de cores alvorecentes.
Junto com o vento imaculado
Jaz o nutante sol dos poentes.

Na verdade do horizonte oscilado
Dormem todos os refúgios pagãos.
Cambaleante como o rio inavegado
sofre aquele que dá de cara com os sete chãos.

Certo de que não há mais nada
Cega-se o que vive em constante niilismo
Por mais que a estrela demore a ser gerada
resta-nos, ao menos, um pouco de otimismo
e um brinde ao caos!

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Frascos

Restam faíscas de lembrança
Dançando entre a chuva e o véu
Onde um outrora brilhante céu
Agora chora sua crua desesperança.

Então vivem no marasmo
Querubins que choram um amor esquecido.
Adejam diante do sentimento adormecido
Recobertos por um sôfrego espasmo.

E eu encontro-me inerte e desvairada
Andando com gatos enxotados
Tropeçando nos meus versos vomitados
Sem ser nada se não uma alma desencorajada.


29-05-08

domingo, 29 de junho de 2008

Amarelo

Já vai longe e ausente
Uma primavera sem lembrança
E um verão que fora quente
Agora lamenta-se em memórias de criança.
E junto deles vão embora os outonos
Repletos de girassóis sem donos.

É como se fosse amor louco
Isso que arde em espasmo que apetece
Dentro do meu peito que não é pouco
de emoção que mata e aquece
e que traz com ela auroras de outonos
coloridas com girassóis que não têm donos.

Então, num inverno eterno
Jaz meu coração vencido,
que não tem mais sentimento terno
E, por culpa do veneno, está adormecido.
E ele não irá acordar até que chegue o outono
Trazendo os girassóis e seu verdadeiro dono.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Conscientizando

Nas tuas palavras de consolo
jaz meu mais fiel e puro sentimento.
Conforme os passos ecoam
Tua sombra me traz um temor
e o que outrora fora ruído
agora é qualquer outra coisa, amor.

Sem sentido esse desfragmentado
suor nada salgado
Que raspa a língua e induz ao aglomerado
de sentidos e gestos e toques
Me consola e me amortece
E quando tudo parece perdido
soa.

Teus olhos de estrela cadente
pousados no meu seio dormente
esquentam e esfriam em constante mudança
e vibram ao barulho de qualquer dança
E o que outrora fora sentimento de criança,
Agora é qualquer outra coisa, amor.

Na noite cálida e febril
gostaria de tocar o céu ao teu
e dormir devaneando lembranças hostis
de ontens que deixaram gosto de cinzas
na minha boca mofada
que implora por frescor quando não há mais
nada.

Suas feridas abertas acalmam-me
nas madrugadas frias e sem cor
que concebem auroras brilhantes
que mal sabem o que realmente acontece
quando algo que outrora fora verdadeiro
ainda o é, amor.